Nossa Senhora de Alcamé é mais uma das aparições de Maria aos atormentados. O nome Alcamé vem do árabe-marroquina (AL), de fonética “achmé”, que significa trigo, ou seja, Nossa Senhora dos Trigais.
Reza a história que um pastor das Lezírias do Ribatejo alimentou uma cobra desde pequena, cobra esta que nunca o atacou. O pastor alimentava-a com leite das suas ovelhas e a cobra gerava-lhe confiança e lealdade. Uma vez, o pastor adoeceu e esteve algum tempo sem ir ao campo e, quando voltou chamou pela serpente, quando a cobra surgiu, não o reconheceu, atacando-o ferozmente. O pastor aflito gritou pelo nome de "Nossa Senhora" e eis que um milagre acontece, a Virgem aparece em toda a sua glória e projeta uma maçã contra a boca da serpente, ficando esta engasgada, acabando por morrer.
A história de Alcamé surge idêntica ao livro do Génises que se refere ao Homem e à Serpente que remete para a tentação de Eva que comeu a maçã da desobediência a Deus. Com esta desobediencia veio todo o mal ao mundo simbolizado na maça. Nesta Aparição é também uma maça que Nossa Senhora atira na boca da serpente como que devolvendo ao demónio todo o mal que ele espalhou no mundo, fechando para sempre sua boca e na morte da serpente ELA proclama a Sua vitória, seu triunfo sobre o demónio acorrentando-o para sempre no inferno e trazendo os Novos Céus e a nova terra.
A imagem venerada na ermida de Alcamé é da Imaculada Conceição, rodeada de anjos pisando a cabeça da serpente
A tradicional romaria de Alcamé esteve patente até aos finais dos anos 1960, acabando por ser abandonada em Julho de 1974.
É no dia 10 de Junho que se celebram as festas de Alcamé, recriando toda a cultura camponesa, campinos, gado, jogos de cabrestos, ranchos, maiorais, e vai a imagem da Virgem num carro puxado por bois.
A Ermida de Nossa Senhora de Alcamé, encontra-se defronte ao Mouchão de Alhandra (pequena ilha situada no leito do Rio Tejo, na qual só existe uma habitação), junto à Margem Esquerda Sul do Rio Tejo. O estilo neoclássico é o que se descreve na sua construção. Na zona do altar, a curvatura das paredes remetem-nos para uma herança árabe, bem ao jeito das suas mesquitas. A planta é rectangular, assente num escoramento, impedindo que as cheias anuais das Lezírias não afectassem o majestático santuário. O acesso à infraestrutura é bastante complexo, apesar de planície, o terreno é bastante tosco. A solidão do templo é contagiante, em redor nada existe, excluindo cavalos, touros e aves que pontuam as imensas e vastíssimas planícies ribatejanas. Pensa-se que o Templo foi inicialmente dedicado a Nossa Senhora da Conceição mas, mais tarde, por via do povo, o templo ficou como homenagem ao pastor atacado e, claro está, a Nossa Senhora de Alcamé.
Em 1983, a Igreja foi profanada, e a imagem original de Nossa Senhora da Conceição foi roubada, bem como o retábulo de talha dourada.
VIVA A IMACULADA CONCEIÇÃO, SENHORA DO TRIUNFO,SENHORA DE ALCAMÉ!
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